ATA DA DÉCIMA NONA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 05.06.1998.

 


Aos cinco dias do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezesseis horas e quarenta minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Ministro Paulo Roberto Saraiva da Costa Leite, nos termos do Projeto de Resolução nº 08/97 (Processo nº 943/97), de autoria do Vereador Elói Guimarães. Compuseram a MESA: o Vereador Luiz Braz, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor Rogério Favretto, Procurador-Geral do Município, representando o Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Ministro Eduardo Ribeiro, representante do Superior Tribunal de Justiça; o Desembargador Cacildo de Andrade Xavier, Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul; a Juíza Ellen Gracie North Fleet, do Tribunal Regional Federal; a Juíza Tânia Heine, Presidenta do Tribunal Regional Federal da 2ª Região; o Senhor Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, Procurador-Chefe Regional da República, representando o Ministério Público Federal da 4ª Região; o Juiz Sebastião Alves de Messias, Vice-Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, representando o Tribunal Superior do Trabalho; o Desembargador Osvaldo Stefanelo, representando o Tribunal Regional Eleitoral; o Vereador Elói Guimarães, Secretário “ad hoc”. Também foram registradas as presenças do Senhor Dagoberto Lima Godoy, Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul, FIERGS; do Senhor Justino Vasconcellos; do Doutor Francisco Falcão, Presidente do Tribunal Regional Federal da 5ª Região; do Senhor Brochado da Rocha, ex-Presidente deste Legislativo; do ex-Vereador Hermes Dutra; do Senhor Luiz Carlos Madeira, do Superior Tribunal Eleitoral; do Senhor Luiz Roberto Saraiva da Costa Leite, irmão do Homenageado; da Senhora Alba Saraiva da Costa Leite, mãe do Homenageado; da Senhora Maria Mônica Costa Leite, esposa do Homenageado; da Senhora Vera Nunes Michel, Procuradora Regional Eleitoral. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem à execução do Hino Nacional, interpretado pelo Coral da Assembléia Legislativa do Estado, sob a regência do Maestro João Paulo Sefrin. Após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Elói Guimarães, como proponente e em nome das Bancadas do PTB, PSB e PPS, discorreu sobre a trajetória profissional do Homenageado, afirmando que Sua Excelência, “pelo seu trabalho, dedicação, talento e lealdade ao Egrégio Superior Tribunal de Justiça, dignifica a Capital do Estado do Rio Grande do Sul, colocando-a no patamar de cidade berço de eminentes juristas”. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, registrou sua satisfação por participar da presente homenagem, como representante do povo de Porto Alegre e como amigo pessoal do Senhor Paulo Roberto Saraiva da Costa Leite, afirmando a representatividade do Homenageado no contexto da magistratura brasileira. O Vereador Isaac Ainhorn, em nome da Bancada do PDT, destacou a grande presença de amigos e admiradores do Senhor Paulo Roberto Saraiva da Costa Leite, declarando que tal atitude representa o valor da atuação pessoal e profissional de Sua Excelência e registrando que esta Casa resulta dignificada com o Título hoje entregue. O Vereador João Carlos Nedel, em nome das Bancadas do PPB e PSDB, afirmou ser o Homenageado um exemplo a ser seguido por todos, como profissional extremamente qualificado e, em especial, como ser humano que, “mesmo longe de sua terra natal, conserva intacto, na lembrança e no coração, o forte sentimento de apego à origem e o desejo insistente e imorredouro de continuar a servi-la”. O Vereador Henrique Fontana, em nome da Bancada do PT, analisando o quadro social hoje observado no País, teceu considerações acerca da função a ser exercida pelo homem público dentro desse quadro e congratulou-se com o Senhor Paulo Roberto Saraiva da Costa Leite, desejando que Sua Excelência seja sempre “um lutador pela justiça e pela construção de um País que concretamente valorize a todos os seus cidadãos”. Após, o Senhor Presidente registrou as presenças dos Ministros Eduardo Ribeiro, Waldemar Zveiter, Peçanha Martins, Asfor Rocha, Rui Rosado de Aguiar, Ari Pargendler, José Arnaldo da Fonseca, Carlos Alberto Direito e Paulo Brossard e do Ministro aposentado Lauro Leitão, convidando-os a comparecerem à Mesa dos trabalhos e procedendo à entrega a Suas Excelências de exemplares do livro “Porto Alegre: que bem me faz o bem que te quero”, de autoria dos Poetas Luiz Coronel e Luiz de Miranda. Também, o Senhor Presidente procedeu à entrega ao Homenageado de exemplar da trilogia “Rio Grande do Sul - Portfólio Poético e Documental”, organizada pelo Poeta Luiz Coronel. A seguir, o Senhor Presidente convidou o Vereador Elói Guimarães para proceder à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Ministro Paulo Roberto Saraiva da Costa Leite, concedendo a palavra ao Homenageado, que agradeceu o Título recebido. Em continuidade, o Coral da Assembléia Legislativa do Estado interpretou as músicas “Tertúlia” e “João Carreteiro”. Após, o Senhor Airton Teixeira e o Vereador Fernando Záchia, respectivamente Vice-Presidente e ex-Diretor do Sport Clube Internacional, entregaram placa comemorativa ao Homenageado e o Coral da Assembléia Legislativa do Estado interpretou o Hino do Sport Clube Internacional. A seguir, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem à execução do Hino Riograndense, interpretado pelo Coral da Assembléia Legislativa do Estado, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e vinte e cinco minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Luiz Braz e secretariados pelo Vereador Elói Guimarães, Secretário “ad hoc”. Do que eu, Elói Guimarães, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Damos iniciada a Sessão Solene destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Ministro Paulo Roberto Saraiva da Costa Leite, de acordo com o PR nº 08/97 - Processo nº 943/79, proposto do Ver. Elói Guimarães.

Chamamos, para compor a Mesa o Ministro homenageado, Dr. Paulo Roberto da Costa Leite; representante do Superior Tribunal de Justiça Ministro Eduardo Ribeiro; Presidente do Tribunal de Justiça do Estado, Desembargador Cacildo de Andrade Xavier; do Tribunal Regional Federal, a Juíza Ellen Gracie North Fleet; Presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, a Juíza Tânia Heine; representante do Ministério Público Federal da 4ª Região, o Sr. Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, Procurador-Chefe Regional da República; representante do Tribunal Superior do Trabalho Juiz Sebastião Alves de Messias, Vice-Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região; representante do Tribunal Regional Eleitoral, o Desembargador Osvaldo Stefanelo; representante do Sr. Prefeito Municipal Dr. Rogério Favretto, Procurador-Geral do Município.

Queremos cumprimentar a todas as Senhoras e Senhores, autoridades aqui presentes, e convidá-los para dar início a esta solenidade. Convido a todos para ouvirmos o Hino Nacional, interpretado pelo Coral da Assembléia Legislativa, sob a regência do Maestro João Paulo Sefrin.

 

(O Coral da Assembléia Legislativa canta o Hino Nacional.)

 

Tenho a certeza de que a sociedade porto-alegrense pode se orgulhar da sua Câmara de Vereadores, porque o trabalho executado, ao longo do tempo, tem correspondido à ansiedade da nossa sociedade. Temos tido dias muito especiais, hoje estamos vivendo um desses dias. Temos a presença de vários Vereadores, gostaria de citar o ex-Vereador desta Casa, praticamente o embaixador desta Câmara em Brasília, meu amigo Werner Becker, peço que Vossa Excelência tome assento nesta Mesa. Este é um dia muito especial, porque estamos recebendo as mais altas autoridades do nosso Judiciário. Um desses nomes está sendo homenageado, esta homenagem não é apenas da Câmara dos Vereadores, é uma homenagem de toda a sociedade porto-alegrense, porque os 33 Vereadores representam todos os setores da nossa sociedade, toda a nossa Cidade. É uma forma especial, uma forma nobre para agradecer àquelas pessoas que muito fizeram e que orgulham a nossa Cidade, uma forma de agradecer aos nossos mais legítimos cidadãos, os mais dignos representantes da nossa Cidade. Todas as Bancadas estão aqui representadas para dizer do valor do nosso homenageado, daquilo que ele representa para toda a nossa sociedade, e de quanto esta Casa se sente envaidecida em poder estar hoje aqui prestando esta homenagem, concedendo-lhe esse Título de Cidadão de Porto Alegre.

Convidamos para que, em nome de toda a Casa, possa fazer o seu pronunciamento e dizer o seu pensamento, o pensamento de todos nós Vereadores, aquele que propôs este Título, e que foi aceito por todos os Vereadores, o Ver. Elói Guimarães, que vai falar pela Bancada do PTB, PPS e PSB.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Fazendo aqui um preâmbulo, eu gostaria de colocar que ontem, estando no Aeroporto Internacional Salgado Filho, juntamente com a Dra. Ellen, com outros juízes do Tribunal Federal da 4ª Região, recebíamos o homenageado, Ministro Paulo Roberto Saraiva da Costa Leite. S. Exa. pisava o torrão do Município, da Cidade de Porto Alegre e juntamente estávamos ali com o Dr. Gilson Dipp. Minutos depois recebia, o Ministro Costa Leite, um telefonema que informava que o Dr. Gilson - ex-Presidente do Tribunal Regional Federal - acabava de ser indicado Ministro. Então, o Rio Grande do Sul passa a ter, pela indicação - evidentemente que os trâmites normais se darão no Senado Federal -, passa a ter mais um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, presente aqui na solenidade. (Palmas.)

O eminente Ministro Paulo Roberto Saraiva da Costa Leite, nascido em Porto Alegre, é casado com a Sra. Maria Mônica Valério da Costa Leite, de cuja união nasceram os filhos Dimitrius, Ticiane, Viviane e Paulo. Fez o curso primário no Grupo Escolar Dona Leopoldina e fez os cursos ginasial e científico no Colégio Nossa Senhora do Rosário, em Porto Alegre; onde também iniciou os estudos superiores que veio a concluir em Brasília, colando grau em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito Federal. Em setembro de 1984 foi nomeado Ministro do extinto Tribunal Federal de Recursos. Posteriormente, com a reforma da Constituição, em 1988, foi investido no cargo de Ministro do Superior Tribunal de Justiça, tomou posse como membro efetivo do Tribunal Superior Eleitoral para o biênio 95/97, exercendo a função de Corregedor-Geral da Justiça Eleitoral. Exerceu ainda o cargo de Diretor da Revista do Superior Tribunal da Justiça, biênio 89/91 e, como membro efetivo do Conselho da Justiça Federal, biênio 91/93, a função de Coordenador-Geral da Justiça Federal, cumulativamente com a Direção do Centro de Estudos Jurídicos, além de ter participado de diversas Comissões temporárias. Professor universitário, tendo lecionado as disciplinas de Teoria Geral do Processo e Direito na Associação de Ensino Unificado do Distrito Federal, recebendo, ao longo de sua carreira de Professor, diversas homenagens de formandos com destaque à escolha de seu nome para paraninfo e patrono. No rol da iniciativa da presente homenagem de concessão do Título de Cidadão Emérito dentre tantos magistrados, advogados e juristas, escreveu-se, por primeiro, um brilhante advogado, o Dr. Werner Becker, ex-Vereador de Porto Alegre, de assinalados serviços prestados à comunidade da nossa Cidade.

A cidadania emérita que a Câmara Municipal de Porto Alegre, pela unanimidade de seus pares, outorgou ao ilustre Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Doutor e Professor Paulo Roberto Saraiva da Costa Leite, e que nesta Sessão Solene procedemos à entrega, reveste-se de singular significado perante a Cidade e a seu povo, visto que o homenageado, nascido em nosso Município, é uma das melhores figuras do gaúcho porto-alegrense, de notabilíssimo saber jurídico que, na Corte Superior do Judiciário Brasileiro, pontifica pelo seu trabalho, pela sua dedicação, pelo seu talento e lealdade ao Egrégio Superior Tribunal de Justiça, dignificando, em decorrência, a Capital do Estado do Rio Grande do Sul e a colocando em patamar de Cidade berço de eminentes juristas que dão distinção e relevo à magistratura brasileira.

O eminente homenageado, a par da alta investidura judiciária, tem-se constituído num de ligação permanente com a Cidade de Porto Alegre, tendo jamais se distanciado da nossa Capital e de sua gente, mantendo com a sua Cidade profundos laços e vínculos anímicos e materiais que identificam o homem com seu torrão-natal. Na Capital da República, mantém presente e viva a nossa mui leal e valerosa Porto Alegre, estabelecendo relações de extrema cordialidade, em especial com a comunidade jurídica local, com órgãos e instituições do Município e do Estado.

A presença do ilustre homenageado no STJ, embora integrando um Poder impermeável a qualquer tipo de influência, dada a natureza peculiar do Judiciário, é incansável em estar pronto e atento a defender sempre, com justiça, os interesses maiores da nossa Cidade.

A homenagem que a Cidade presta ao Ministro Paulo Roberto Saraiva da Costa Leite, ao Juiz, também, ressalta e quer evidenciar o papel do Judiciário, como fator fundamental do Estado de Direito Democrático, mormente na quadra presente e grave da vida brasileira, onde as inquietações passam a tomar conta de tantos quantos vêem na Magistratura fator fundamental de segurança da própria liberdade, das garantias e dos direitos individuais. Esta solenidade busca também somar-se às vozes que ecoam em nossa Pátria na defesa do Judiciário, posto que a sua independência constitui-se, realmente, segundo as palavras de Carlos Maximiliano, na mais sólida garantia de um governo de lei, em uma democracia organizada, a fim de que possam os juizes exercerem suas elevadas funções com independência, dignidade e desassombro, sem que sejam atingidos pelos caprichos e ameaças ou represálias dos órgãos do Executivo ou do Legislativo. A Constituição os revestiu de certas garantias, procurando, assim, colocar o judiciário fora do alcance fundamental dos dois poderes.

Então, quando se falam em reformas e reformas. A reforma do judiciário. O Controle externo do Judiciário, quando os concebe uma lei, como a famigerada lei da arbitragem, um monstrengo constitucional, quando vemos Juízes deixando os tribunais para não serem penalizados nas suas garantias, algo está acontecendo de muito grave - por certo - creiam, menos para os integrantes da Magistratura e mais, insofismavelmente, para o conjunto da sociedade como um todo. Atual e oportuna a lição de Rui Barbosa, em “A Oração aos Moços”, referindo-se à soberania do Poder Judiciário: “Na democracia o eixo é a justiça. Eixo não abstrato, não supositício, não meramente moral, mas de uma realidade profunda e tão seriamente implantada no mecanismo do regime, tão praticamente embebido através de todas as suas peças, que falseando ele ao seu mister todo o sistema cairá em paralisia, desordem e subversão. Os poderes constitucionais entrarão em conflitos insolúveis, as franquias constitucionais ruirão por terra e da organização constitucional do seu caráter, das suas funções, das suas garantias, apenas restarão destroços. Eis o de que nos há de preservar a justiça brasileira, se a deixarem sobreviver, ainda que agredida, oscilante e mal segura aos outros elementos constitutivos da República no meio das ruínas em que mal se conservam ligeiros traços da sua verdade.

Ora Senhores” - prossegue Rui – “esse poder eminencialmente tem os dois braços nos quais agüenta a lei, em duas instituições: a Magistratura e a Advocacia, tão velhas como a sociedade humana, mas elevados ao cem-dobro na vida constitucional do Brasil, pela estupenda importância que o novo regime veio dar à Justiça”.

Essas palavras de Rui Barbosa, já recolhidas à História, é bem verdade, mas na defesa da Justiça se atualizam e se constituem em brados de alerta a hora presente que a todos preocupa e inquieta.

Como é crível e aceitável que profundas modificações nos alicerces do próprio Estado possam ocorrer com alterações fundamentais consertadas entre o Executivo e o Congresso Nacional, sem o chamamento da Nação através do Processo Constituinte.

Em recente ato de posse dos desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, em face da extinção do Tribunal de Alçada, o eminente Desembargador Luiz Carlos Carvalho Leite pronunciou brilhante discurso, cujo trecho nos permitimos ler: “Seríamos, contudo, levianos e irresponsáveis se olvidássemos que monstros forjados na mesquinhez de alguns espíritos, ou na ignorância de outros, e embalados pelos mal-intencionados, ameaçam o Poder Judiciário no Brasil. Nunca se atacou tanto o Poder, nunca se difamou tanto, nunca se tentou tão fortemente desmoralizá-lo ou denegri-lo como agora. Para isso, mistifica-se e engana-se a opinião pública. Para isso, confundem-se, propositada e malevolamente, prerrogativas com privilégios, condições indispensáveis para o exercício da função judicante com mordomias. Para isso, ilaqueia-se a boa-fé da sociedade, dizendo-se que os juízes devem receber um tratamento comum, quando se fala, principalmente, em vencimentos, agora transformados em subsídios, e em proventos de aposentadoria. Mas não dizem os detratores do Judiciário que um Juiz não pode exercer mais nenhuma outra função, salvo uma de magistério. Não dizem que as garantias constitucionais ali estão consagradas para que os juízes sejam independentes, imparciais e isentos, sem o que correr-se-á o risco de imposição dos que detêm ou convivem com o poder e do abandono dos mais fragilizados social ou economicamente. A destruição do Judiciário, ou sua diminuição, o seu apequenamento ou a sua inexpressividade, só podem favorecer aos que querem fazer prevalecer seus interesses”.

Senhores, Senhoras, a Casa do Povo de Porto Alegre, sente-se, extremamente, honrada por reunir nesta solenidade tantas personalidades do Judiciário Estadual e Federal, bem como vale-se do momento para fazer uma profissão de fé na Justiça do nosso País, também alertar para que se preservem os valores que constituem as prerrogativas e garantias do Poder Judiciário, sem os quais soçobrarão as liberdades individuais.

Queremos agradecer o apoiamento recebido de entidades públicas e privadas, em especial do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, na pessoa da Dra. Ellen Gracie North Fleet, para que concretizássemos o presente ato que haverá de ficar marcado nos Anais da história da Câmara Municipal de Porto Alegre.

Por derradeiro, receba, eminente Ministro Paulo Roberto Saraiva da Costa Leite, o nosso apreço pessoal e a nossa homenagem política e que V. Exa.., agora, integrando o Conselho dos Cidadãos Honorários de Porto Alegre, cada vez mais, possa fazer pelo engrandecimento da nossa Cidade de Porto Alegre.

Que o ano 2000 o encontre na presidência do Superior Tribunal de Justiça. Que Deus proteja V. Exa. e a sua família. Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Estamos recebendo, hoje, a visita de muitas pessoas importantes, mas temos que registrar as presenças do Dr. Paulo Brossard, que muito nos honra; do nosso amigo, Presidente da FIERGS, Dagoberto Lima Godoy que, na semana passada, recebeu também o título de cidadania; do nosso amigo, Justino Vasconcellos que presidiu a OAB, numa das épocas mais difíceis da nossa história, e todos os Senhores que nos honram muito com as suas presenças neste ato que está sendo realizado para prestarmos esta homenagem ao Ministro Costa Leite

Registramos, também, a presença do Dr. Francisco Falcão, Presidente do Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Muito obrigado pela presença, meu amigo Brochado da Rocha, ex-presidente da Casa, ex-Vereador da Casa, é um prazer tê-lo conosco.

Com a palavra o Ver. Reginaldo Pujol, que fala pelo PFL.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) Srs. Ministros; Srs. Desembargadores; Srs. Procuradores; Colegas advogados; colegas ex-Vereadores; Senhoras e Senhores. O protocolo da Casa com freqüência permite uma abertura que faz com que o Presidente da Casa, ao conduzir solenidades como esta, crie a figura alternativa da mesa suplementar, onde são uma série de pessoas gradas ao Legislativo, que comparecem aos vários atos públicos que aqui se realizam. Hoje a situação é absolutamente descontrolada em termos de administração, eis que tamanho número de personalidades que aqui comparecem para se somar ao Legislativo de Porto Alegre, para se somar à homenagem prestada ao Dr. Costa leite, que isso seria impossível ocorrer. Eu mesmo deparo-me no dia de hoje com uma série infindável de pessoas que me são extremamentes gradas, e que dizem respeito até, Dr. Costa Leite, alguma coisa de comum da nossa vida anterior, dos nossos idos de estudantes, de acadêmicos, de algumas jornadas que juntos perseguimos.

Eu vejo, por exemplo, e não posso deixar de citar, a Dra. Luíza Cassales, minha companheira de turma na Pontifícia Universidade Católica, e muito próxima dela a Procuradora-Geral Adjunta do Estado, Dra. Eliana Del Mese, que não sendo minha companheira de turma, foi minha caloura na PUC. Dessas duas brilhantes processadoras do direito eu quero homenagear a quantas ilustres pessoas nos deram o privilégio de contar com a sua presença nesta tarde em que o Legislativo de Porto Alegre cumpre prazerosamente a disposição de deliberação unânime do seu Plenário de outorgar a condição de Cidadão Emérito ao nosso homenageado, que filho da nossa Cidade, hoje na Capital Federal, mantém-se a ela vinculado e faz jus a essa honraria que se concede tão-somente àquelas pessoas que tendo nascido nesta leal e valorosa Cidade de Porto Alegre se impuseram ao respeito da comunidade e refletiram nesse sodalício merecendo a decisão que no caso concreto se realizou por unanimidade.

Por isso, meu caro Ministro Paulo Brossard de Souza Pinto, nós nos sentimos extremamente gratificados pela circunstância de estarmos, em nome do nosso Partido, ocupando a tribuna e agregando aos conceitos que aqui foram estabelecidos pelo eminente Ver. Elói Guimarães, autor desta proposição, o nosso enfoque pessoal, de mais ampla e absoluta solidariedade com essa decisão do Legislativo da Cidade, que mantém uma tradição de saber enaltecer devidamente aqueles homens, aqueles cidadãos que, por seus méritos, sua atuação no cotidiano da vida da Cidade e do País, se impuseram ao respeito da comunidade porto-alegrense e, por conseguinte, honraram e dignificaram esse Município. É um caso concreto, eis que sabem bem os gaúchos que cultivam o Direito, sabem, por exemplo, que esse grande profissional, nosso ex-colega Werner Becker, sabe mais do que ninguém quanto o Rio Grande é enaltecido, diariamente, pela atuação do nosso homenageado, na mais alta corte da justiça brasileira. E, por isso, nós tivemos o raro privilégio de, na adolescência e juventude, ter primado e privado do relacionamento pessoal com o ilustre Dr. Costa Leite. Sentimo-nos duplamente gratificados: primeiro, por ter entre nossos amigos o homem do quilate, da qualidade pessoal, da capacidade profissional e da honradez que o Dr. Costa Leite é portador; segundo, por ter o povo de Porto Alegre, por uma das suas parcelas, nos dado condição de representá-lo nesta Casa e poder, nesta hora, somar a nossa voz aos pronunciamentos que aqui já ocorreram e aqui se seguirão. Todos eles no sentido de enaltecer, com toda eloquência possível, a oportunidade e, sobretudo, a correção do ato desse Legislativo quando, fiel a sua tradição, sopesou os valores de Paulo Roberto da Costa Saraiva Leite, que verificou da sua representatividade no contexto da magistratura brasileira e, num ato de correta inspiração, transformou-o em Cidadão Emérito desta Cidade.

Tenho certeza de que a nossa galeria de homens ilustres de Porto Alegre haverá, Dr. Costa Leite, de a partir do dia de hoje, receber um enriquecimento dos mais eloqüentes e positivos. Incluí-lo no rol dos cidadãos que reconhecidamente se impuseram perante o Legislativo de uma cidade, ao ponto de transformá-lo em cidadão emérito, é uma circunstância que somente pode usufruir aqueles que, pelas suas qualidades pessoais, assim construíram uma trajetória de serviços efetivos, reais e conseqüentes em prol da comunidade e da sua gente.

Porto Alegre sente-se feliz no dia de hoje, em poder fazer justiça ao seu filho ilustre que, a partir desse momento, pela vontade do Legislativo Municipal, e, sobretudo, pelos seus méritos pessoais, passa a incluir-se entre aquele seleto grupo que compõe a relação dos Cidadãos Eméritos de Porto Alegre. Nossas homenagens, Dr. Costa Leite, são homenagens do amigo, do companheiro de jornada, mais, sobretudo, é uma homenagem do representante do povo, que se sente orgulhoso e feliz em poder proclamar os seus méritos e a correção da decisão desta Casa. Tenho dito. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença do ex-Vereador Hermes Dutra, que muito nos ajudou para que pudéssemos, hoje, fazer com que esta Sessão transcorresse da forma mais correta possível, nesta homenagem ao Dr. Costa Leite.

O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em nome da Bancada do PDT

 

O SR. ISAAC AINHORN: Senhor Presidente e Senhores Vereadores; Senhores Desembargadores, Ministros, familiares do nosso homenageado. (Saúda os componentes da Mesa.) Esta Sessão é tão significativa e tão representativa para o Legislativo da Cidade de Porto Alegre, este, mais do que bicentenário Legislativo, e para os Colegas, Advogados, Bacharéis em Direito, Magistrados, que confesso que tive que recorrer ao Expediente Regimental para ocupar esta tribuna, de vez que cada Bancada tem o direito de ocupar um espaço. Como o autor da iniciativa é o Ver. Elói Guimarães, meu colega da Bancada do PDT, apelei a ele para que falasse em seu nome para que eu pudesse ter a oportunidade de me expressar pela Bancada que, rigorosamente, o Ver. Elói Guimarães falaria normalmente pela Bancada e como autor da proposição. Vali-me da bondade e generosidade do Presidente desta Casa, deste expediente regimental para poder fazer uso da palavra e sinto-me extremamente honrado. Desejo expressar esse sentimento.

É importante que se faça menção a esses ilustres convidados, representantes do Poder Judiciário do Estado e do País que aqui se fazem presentes, tão ilustres visitantes. Esta Casa que abrigou figuras representativas, daqui saíram expoentes da vida política nacional e do Estado, saiu um Presidente do nosso Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, o Desembargador Bonorino Butelli, foi Vereador desta Casa; Alberto Pasqualini, antes do fechamento dos Legislativos em 1937, foi Vereador da Cidade de Porto Alegre. O Ministro Brossard me acena com a cabeça, concordando, e com grande participação no cotidiano da vida da Cidade no tempo em que aqui esteve. Dois Governadores foram oriundos deste Legislativo, nosso querido homenageado, o ex-Governador e saudoso Governador Ildo Meneghetti e o ex-Governador Alceu Collares, ambos foram Vereadores deste Legislativo. Também tantas figuras de destaque: Temperani Pereira, Alberto André, o recentemente falecido, uma figura que foi Conselheiro Federal da Ordem dos Advogados, Leônidas Xausa, ex-Vereador desta Cidade, suplente de Senador pelo nosso Estado. E aqui vemos hoje figuras da advocacia, o Ver. Geraldo Brochado da Rocha, que foi Vereador desta Cidade, Presidente deste Legislativo; um dos nossos embaixadores em Brasília, Dr. Werner Becker, que sabe o quanto é difícil essa luta permanente e incessante do voto. A cada período, a conquista é a busca do mandato popular; o Ver. Vicente Dutra, um dos mais brilhantes Vereadores que passou por esta Casa, que trabalhou tanto na última legislatura que aqui esteve e não conseguiu se eleger, porque o povo fez injustiça com o Ver. Vicente Dutra. Mas eu, Sr. Presidente, neste momento, gostaria de falar da importância deste ato para esta Casa.

Talvez algumas pessoas possam perguntar como o Ministro Costa Leite, que é porto-alegrense, recebe o Título. Temos dois Títulos Honoríficos da Cidade de Porto Alegre, o Cidadão de Porto Alegre e o Cidadão Emérito, este é destinado aos porto-alegrenses ilustres que se destacaram no desenvolvimento das suas atividades. E o fazemos com enorme satisfação, porque o que honra a biografia do Ministro Costa Leite é o orgulho permanente, na Capital Federal, da sua condição de rio-grandense, da sua condição de gaúcho. E também extensivo aos outros, às nossas figuras que se encontram em Brasília e que lá já estiveram.

Se nós tivemos destaque no Poder Executivo, através de Presidentes, inclusive; no Poder Legislativo, com notáveis expressões na vida parlamentar brasileira, no curso da nossa história, nós, honradamente podemos dizer que foi para Brasília o que de nós rio-grandenses tem sido o melhor. O destaque dos representantes do Rio Grande do Sul no Poder Judiciário Federal é algo que nos enobrece, nos honra.

E hoje, Ministro Costa Leite, quando lhe homenageamos, o gaúcho, homenageamos o porto-alegrense, conferindo-lhe a posição de Cidadão Emérito da Cidade de Porto Alegre pelo destaque, por sua expressão, pelo seu carinho, pelo seu acolhimento que tem sido sempre uma permanente na sua conduta em todo esse tempo que V. Exa. lá esteve na Cidade de Brasília. V. Exa. nos representa como gaúchos de forma honrada. E não poderíamos dizer nada mais do que a condição de qualificação profissional dos rio-grandenses na contribuição do universo jurídico nacional e internacional. Podemos até, sem bairrismo, dizer - com toda a tranqüilidade - que temos dado, no curso da história das letras jurídicas nacionais - desde a fundação dos cursos jurídicos, no início do século XIX -, a decisiva contribuição dos rio-grandenses, tanto em relação à contribuição às letras como em contribuição ao Poder Judiciário Estadual, sobretudo nacional, pela representação que lá temos.

Por isso, Sr. Presidente, nosso homenageado, o orgulho, a satisfação e a honra desta Casa em poder, neste momento, de forma breve, parodiando o célebre filósofo espanhol Ortega Y Gasset que dizia que a clareza era a cortesia do filósofo. Eu, na brevidade das minhas palavras, quero ser cortês, com a brevidade do discurso que é a cortesia do político. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Pelo PPB e PSDB, está com a palavra o Ver. João Carlos Nedel.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: (Saúda os componentes da Mesa.) Engalana-se a Câmara de Vereadores de Porto Alegre, hoje, ao orgulhosamente acolher o Doutor Paulo Roberto Saraiva da Costa Leite e conferir-lhe o Título de Cidadão Emérito de Porto Alegre, por iniciativa do nobre Ver. Elói Guimarães, referendada pela inteira e total aprovação do corpo de Vereadores que integra esta Casa.

Discorrer sobre a justiça da homenagem, fazendo um percurso pormenorizado na vida pessoal, esquadrinhando a atividade profissional e ressaltando a notabilidade do currículo do nosso homenageado, seria, neste momento, reiterar o óbvio, luzir sobre o que já tem luz e dar relevo ao que já é por demais evidente.

Por isto, Sr. Presidente, prefiro apenas apontar o Dr. Costa Leite como um exemplo nítido a ser seguido.

Oxalá Porto Alegre pudesse ter algumas dezenas de homens que, como ele, tendo há tempos, por exigências profissionais, sido levado para longe da sua terra natal, conservassem intacto, na lembrança e no coração, o forte sentimento de apego à origem e o desejo insistente e imorredouro de continuar a servi-la.

Assim sendo, Senhor Presidente, em nome da Bancada do Partido Progressista, que tenho a honra de integrar, juntamente com os Companheiros Vereadores João Dib e Pedro Américo Leal, e também em nome da Bancada do PSDB, dos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Anamaria Negroni e Cláudio Sebenelo, desejo dizer ao Doutor Costa Leite que a Cidade de Porto Alegre lhe retribui por inteiro esse sentimento.

Pois a mãe jamais esquece seus filhos! E tem para eles um lugar especial sempre reservado em seu coração e em seu regaço, especialmente, para um filho que, como o Dr. Costa Leite, mesmo à distância, se faz presença constante pela dedicação, pelo interesse em ajudar e, notadamente, pelo empenho em conservar-se a ela ligado de forma indelével.

Receba, então Dr. Costa Leite, porto-alegrense de todas as horas e que sempre manteve esta Cidade no coração, através da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, o reconhecimento de sua Cidade e de seu povo.

O Título de Cidadão Emérito que ora lhe é concedido se irá ufaná-lo, com certeza, também, há de honrar quem o concede.

Que Deus o abençoe e a paz de Cristo sempre o acompanhe. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos registrar as presenças: do Dr. Luiz Carlos Madeira, do Superior Tribunal Eleitoral; dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça; do Sr. Luiz Roberto Saraiva da Costa Leite, irmão do homenageado; da Sra. Alba Saraiva da Costa Leite, mãe do homenageado; da Sra. Maria Mônica Costa Leite, esposa do homenageado, que muito nos honram com suas presenças.

O Ver. Henrique Fontana está com a palavra, e fala pela Bancada do PT.

 

O SR. HENRIQUE FONTANA: Exmo. Sr. Presidente desta Câmara Municipal, Ver. Luiz Braz; Ministro homenageado, Sr. Paulo Roberto Saraiva da Costa Leite. (Saúda os demais componentes da Mesa.) Srs. Vereadores. Prezado homenageado, referia há pouco, quando conversávamos, nos momentos que antecederam esta Sessão Solene, sobre qual é a nossa função, como homens públicos. Eu e meus Colegas Vereadores, como representantes do Poder Legislativo deste Município, e V. Sa. como representante de um poder fundamental para garantir o estado de direito que todos nós sonhamos em conquistar, e lutamos para construí-lo cotidianamente.

É um período muito difícil para todos aqueles que lutam e dedicam as suas vidas para construir este estado democrático de direito, sempre respeitando os direitos de cidadania de cada um de nossos irmãos.

As desigualdades se aprofundam, portanto, é preciso que todos nós apostemos numa reversão desse processo. E, para revertê-lo, já que hoje estamos homenageando um representante do Poder Judiciário, é preciso que se diga que a sociedade espera muito do Poder Judiciário. A sociedade não pode abrir da autonomia e da força do Poder Judiciário, porque ele exerce um papel indispensável no sentido de evitar que os mais fortes possam dominar os mais fracos através de métodos ilícitos, ilegais. O Poder Judiciário tem um papel fundamental junto com o Legislativo e o Executivo para garantir um combate permanente à impunidade, que é, sem dúvida, a má raiz que faz nascer uma sociedade de cultura deformada, onde os homens que tem um pensamento generoso vão sendo massacrados, cotidianamente, por uma idéia de que aqueles, que não tem pensamento generoso, podem tomar conta das funções de maior poder nessa sociedade e decidir coisas contra os interesses da maioria.

Meu caro homenageado, a quem não tenho a possibilidade de conhecer pessoalmente, mas a quem tive a possibilidade de conversar um pouco antes desta Sessão e que demonstrou, claramente, a sua capacidade de diálogo ao receber servidores da Justiça Federal desse Estado e os atendeu prontamente. Quero que esta homenagem, que presto a V. Exa. em nome do Partido dos Trabalhadores, seja um incentivo para que V. Exa que, seguramente, é um lutador permanente pela justiça, encontre forças a cada dia, para, numa sociedade que precisa de justiça, tenha no seu trabalho, na sua dedicação, um caminho para que os melhores, os mais generosos, aqueles que acreditam na solidariedade, aqueles que acreditam numa sociedade de iguais, e que respeitem as diferenças desses iguais, consigam construir o Brasil dos nossos sonhos, consigam construir um Estado que represente a sua função mais nobre, que todos nós construímos ao longo das gerações. Esse Estado, que foi criado e constituído pela sociedade para que, enquanto representação coletiva, pudesse ser a representação do combate às desigualdades e o local de encontro da justiça, o local, onde a sociedade, coletivamente, consegue olhar para cada um dos indivíduos que a compõem e dizer: fique tranqüilo, o coletivo te respeita, porque tu é um membro dele e tens direito a este respeito.

Esta é a nossa função, a nossa tarefa, e o desejo que deixo como uma homenagem a V. Exa. que recebe, hoje, este Título da Câmara Municipal de Porto Alegre, em nome de todos os Vereadores, e no meu caso, em nome do Partido dos Trabalhadores. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nós queremos citar o nome da Dra. Vera Nunes Michel, Procuradora Regional Eleitoral, Desembargadores, Juízes do Tribunal Regional Federal, Juizes Federais, Procuradores, Advogados, Servidores da Justiça, todos que muito nos honram. Mas até para satisfazer um desejo de nossos órgãos de imprensa, vou pedir para que os Ministros do Superior Tribunal de Justiça, o Ministro Eduardo Ribeiro, o Ministro Waldemar Zveiter, Ministro Peçanha Martins, Ministro Asfor Rocha, Ministro Rui Rosado de Aguiar, Ministro Ari Pargendler, Ministro José Arnaldo da Fonseca, Ministro Carlos Alberto Direito, Ministro Lauro Leitão, Ministro Paulo Brossard, que por favor venham até a Mesa, juntamente com o homenageado, porque este é um dos momentos maiores onde o homenageado vai receber o seu Título de Cidadania. Eu gostaria muito, e acredito que toda a Casa gostaria, que todos os Ministros que são seus companheiros, pudessem estar aqui presentes neste instante, para também levarem uma recordação da nossa Porto Alegre, especialmente da nossa Câmara de Vereadores.

Como nós vivemos um momento muito especial aqui na Câmara Municipal de Porto Alegre, como a maioria, pelo menos, dos Senhores Ministros que vieram nos honrar com suas presenças aqui na Câmara Municipal, não são de Porto Alegre, embora  conheçam a nossa Cidade, mas talvez não conheçam com profundidade algum dos seus principais pontos turísticos, das suas principais características. E dois poetas nossos, Luiz Coronel e o Luiz de Miranda, prepararam uma obra muito bonita, com fotografias exuberantes das regiões principais da nossa Cidade, com versos que dizem respeito exatamente às características desses lugares, e eu farei questão que cada um dos Senhores Ministros levem como recordação de Porto Alegre e como recordação desse instante em que estamos vivendo aqui na nossa Câmara de Vereadores. Então eu passo às mãos de cada ministro esta Obra: “Porto Alegre. Que bem me faz o bem que te quero”. O nosso homenageado vai levar um álbum quem tem também esse livro de Porto Alegre, mas tem fotografias de fotografias de outros lugares pitorescos, importantes do nosso Estado do Rio Grande do Sul. É com muito prazer que passamos o álbum às suas mãos.

 

(Procede-se à entrega do livro aos Ministros.) (Palmas.)

 

Eu pediria que os Ministros ficassem para a fotografia de todos reunidos. Eu solicito ao Ver. Elói Guimarães, proponente desta homenagem, que fizesse a entrega ao Ministro Costa Leite do Título Honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre.

 

(O Ver. Elói Guimarães procede à entrega do Título.) (Palmas.)

 

Eu sei que todos os Vereadores que falaram, utilizaram os seus melhores argumentos para homenagear o Ministro Costa Leite, mas, apesar de todas as palavras que lhe foram endereçadas, o que todo esse público quer é poder ouvir as suas palavras porque, afinal de contas, eu tenho certeza que as paredes desta Casa guardarão, pela eternidade, o discurso que V.Exa. fará neste instante, na nossa Câmara Municipal.

Com a palavra o Ministro Paulo Roberto Saraiva da Costa Leite, nosso homenageado.

 

O SR. PAULO ROBERTO SARAIVA DA COSTA LEITE: Exmo. Sr. Ver. Luiz Braz, DD. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Exmo. Sr. Ministro Eduardo Ribeiro, aqui representando o Superior Tribunal de Justiça e na pessoa de quem quero saudar os demais eminentes colegas que vieram prestigiar esta solenidade; Exmo. Sr. Cacildo de Andrade Xavier, DD. Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, na pessoa de quem quero homenagear a honrada, douta e operosa Magistratura do Estado do Rio Grande do Sul; Exma. Juíza Ellen Gracie North Fleet, DD. Presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, na pessoa de quem homenageio os juizes federais da minha região; DD. Presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, Juíza Tania Heine; Juiz Francisco Falcão, DD. Presidente do Tribunal Regional Federal da 5ª Região nas pessoas dos Presidentes dos Tribunais Federais da 2ª Região e da 5ª Região, estou saudando toda a Magistratura Federal; Exmo. Sr. representante do Ministério Público Federal da 4ª Região, Dr. Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, Procurador-Chefe Regional da República, na pessoa de quem eu quero saudar o Ministério Público Federal; Exmo. Sr. Representante do Tribunal Superior do Trabalho, Juiz Sebastião Alves de Messias, Vice-Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, na pessoa de quem homenageio a Justiça obreira deste País; Exmo. Sr. Desembargador Osvaldo Stefanelo, hoje no Tribunal Regional Eleitoral, na pessoa de quem saúdo toda a Magistratura eleitoral deste País, a Justiça Eleitoral que tive a honra de integrar; Exmo. Sr. Representante do Sr. Prefeito Municipal, Dr. Rogério Favretto, Procurador-Geral do Município; Srs. Vereadores, e me permitam que me dirija a todos, por mais eminentes autoridades que sejam, como meus amigos, porque nessa condição vieram me trazer o abraço, o afeto de suas presenças; meus familiares.

Até os penhascos duros respondem e para as vozes tem ecos, na sentença de Padre Vieira, a indicar que constitui coisa natural o responder, quando, entretanto, a resposta consiste como agora no agradecimento ao gesto magnânimo que comove e sensibiliza, sobremodo, num cenário em que tudo conspira para tornar mais intensa a emoção que já se prenunciava forte, convenha-se que se trata de empresas das mais difíceis. Estimo que ao dela me desincumbir possa o suar suprir o que faltar em talento, tendo perfeita noção do que significa porque conheço a alma gaúcha. É sumamente honrado e com indisfarçável orgulho que recebo o Título de Cidadão Emérito de Porto Alegre, ainda que não ignore a desproporção, em meu caso, entre o merecimento do homenageado e o vulto da homenagem. Estou certo de que os meus concidadãos por meio dos seus legítimos representantes nesta augusta Casa excederam-se em generosidade ao incluírem o meu nome no quadro de honra onde estão insculpidos os denotáveis porto-alegrenses. O que em certa medida assossega o meu espírito ao ser assim tão altamente distinguido na minha terra natal é a certeza advinda do juízo mais severo que temos que é o de nossa própria consciência de que a toga que envergo no Superior Tribunal de Justiça e é em razão dela porque esta homenagem a Magistratura Nacional que se compreende a alta distinção. É ornada esta toga com o timbre da dignidade e do trabalho, ganhando o pão com o suor do meu rosto, consoante a praga divina que a Sacra História registra, tenho buscado conciliar em meu penoso, mas nobilitante ofício o compromisso de primeira hora de cumprir, de fazer cumprir a lei e a vontade obstinada de encontrar, para cada caso, a solução que corporifique e concretize o ideal de justiça.

Senhor Presidente e Senhores Vereadores, a Nação clama por uma ordem jurídica mais justa. É inegável que, soprando forte os ventos da democracia, muito já se conquistou. Preponderante na elaboração da Nova Carta Política do País, a preocupação com a valorização da cidadania, foi informada pela visão social do Legislador constituinte. Nos dias que correm, em plena Era dos direitos, o que reponta mais importante, segundo enfatiza Norberto Gobio, já não é mais a tarefa de defini-los, mas a de protegê-los, e para que se torne efetiva a proteção dos direitos individuais e coletivos é fundamental que legisladores e juízes com encargos distintos, evidentemente, mas na condição de operários de uma mesma obra, cuidem de assegurar o mais amplo acesso ao Judiciário e a distribuição da justiça com presteza.

O Poder Judiciário brasileiro tem sofrido acerbas críticas, muitas delas se justificam. Entende reconhecer que algumas correções de rumos são necessárias. O que não se justifica e repugna a razão é tentar levar ao descrédito o Poder que, por destinação constitucional, é garantia do estado de direito. Como acentuei recentemente ao saudar o novo Presidente do Tribunal: “Uma nação que pretenda chegar ao patamar das nações desenvolvidas não pode prescindir de um Judiciário forte e independente”.

“Tirai a independência do Poder Judiciário e vós lhe tirareis sua grandeza, sua força moral, sua dignidade. Não tereis mais magistrados, e sim comissários, instrumentos ou escravos de outro poder”. - já advertia Pimenta Bueno em meados do século passado.

Concluindo em outro passo que não é, pois, por amor ou no interesse dos juizes que o princípio vital de sua independência deve ser observado como um dogma, e sim por amor dos grandes interesses sociais. De inteira atualidade essa advertência no momento em que se confunde prerrogativa com privilégio.

Permitam-me que agora eu fale da minha Cidade, do inexcedível amor que tenho por ela. A circunstância de haver mudado para Brasília, ainda no verdor dos anos, lá vivendo há quase 27 anos, não desvaneceu; bem ao contrário, longe de romperem a distância e a ação do tempo, só fizeram apertar os laços de afeto que me ligam a Porto Alegre. Se para meu pesar já não posso hoje - tal Quintana fazia - tratá-la afetuosamente como “a cidade de meu andar”, saibam que é ela que surge, sempre esplendorosa diante de mim, quando sonho saudade como no verso de Fernando Pessoa. Saudade de repousar a vista nas águas do Guaíba e contemplar, depois, o incomparável pôr-do-sol que poetiza a Cidade, constituindo-se em permanente fonte de inspiração. Saudade de passear, como antigamente, pela nossa Rua da Praia, o que fiz pela primeira vez ainda gurizinho, seguro à mão protetora de meu saudoso pai, de cuja presença aqui estou certo, o espírito sobrevive à morte do corpo que anima. Saudade da Av. Iguaçu da minha infância, da Praça da Matriz, do Parque da Redenção. Saudade do futebol das tardes de domingo, primeiro nos eucaliptos, depois no Beira-Rio, extravasando a enorme paixão colorada. Saudade do cachorro-quente do “Zé do Passaporte” e dos barzinhos do Alto Petrópolis. Saudade dos bons tempos do Colégio Rosário, o paradeiro do meu ardor juvenil, e amanhã se comemora o dia de Champagnat. Saudade desse Rosário que assistiu ao desabrocho de minha consciência cívica, nas lides do Grêmio Estudantil Rosariense, que se estenderam depois à União Gaúcha dos Estudantes Secundários, e, já na Universidade, ao Diretório Estadual de Estudantes. São muitas as minhas saudades. Só lamento que o tempo não me permita aqui revisitá-las uma a uma, com a reverência devida, para dar a conhecer a todos a Porto Alegre que guardo no coração e na memória, compartilhando inteiramente a felicidade que experimento neste reencontro com meu passado, quando o meu presente se vê tão enriquecido com o Título que esta egrégia Câmara acaba de me outorgar.

O meu agradecimento e de meus familiares a V. Exa., eminente Ver. Elói Guimarães, autor da proposta, e aos seus ilustres pares que a ela deram curso, propiciando-me viver este momento inesquecível. Permitam-me, Srs. Vereadores, que eu dê aqui o meu abraço afetuoso a dois ex-integrantes desta Casa, Vereadores Werner Becker e Hermes Dutra, que tanto contribuíram para que vivêssemos este momento. Agradeço sensibilizado as bondosas palavras com que fui saudado por todos os representantes de Bancadas desta Casa, ficarão gravadas em meu coração eternamente reconhecido. Agradeço a todos, autoridades e amigos que abrilhantaram esta solenidade com a sua presença, rogando vênia para uma menção expressa aos meus colegas do Superior Tribunal de Justiça. Que o Senhor de todas as coisas nos abençoe hoje e sempre. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ministro que exaltou tanto a nossa Porto Alegre agora vai ser saudado com duas músicas, que vai fazer com que as suas saudades aumentem um pouco mais. O Coral da Assembléia Legislativa vai interpretar as músicas “Tertúlia” e “João Carreteiro”.

 

(Procede-se à apresentação do Coral.)

 

Como Presidente da Casa, estou tendo o privilégio de ficar ao lado do nosso homenageado e posso ouvir, de vez em quando, alguns comentários que faz o Ministro Costa Leite, e ele disse estar extremamente emocionado com esta homenagem.

E da tribuna ele revelou, para aqueles que não sabiam até então, que torce para o Internacional e, por isso, convido o Sr. Airton Teixeira, Vice-Presidente do Sport Clube Internacional, e o Ver. Fernando Záchia, ex-Diretor do Internacional, para fazerem a entrega de uma placa.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: (Lê a placa.)

“Quatro vezes coroado

Sport Clube Internacional

Ao Excelentíssimo Ministro do Egrégio Superior Tribunal de Justiça Dr. Paulo Roberto Saraiva da Costa Leite, a homenagem e o reconhecimento do Sport Clube Internacional pelos qualificados e incontáveis serviços prestados à cultura jurídica brasileira.

   Paulo Rogério Amoreti Souza

   Presidente.”

 

(Procede-se à entrega da placa comemorativa.)

 

Queria justificar a ausência do nosso Presidente, Sr. Paulo Rogério, que se encontra trabalhando pelo Internacional em São Paulo numa reunião habitual, mas importante do Clube dos Treze.

Não posso deixar de, desculpe, Sr. Presidente, essa evocação de oratória, manifestar o sorriso do nosso querido Dr. Osvaldo de Lia Pires, nosso grande Presidente do Conselho Deliberativo na década de 70.

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos o Coral da Assembléia Legislativa para interpretar o Hino do Internacional.

 

(Procede-se à execução do Hino do Sport Clube Internacional.) (Palmas.)

 

Claro que esta homenagem se justifica, porque o Ministro é colorado, mas nós, gremistas, também gostaríamos que o Coral cantasse o Hino do Grêmio.

Foi, realmente, uma honra para esta Casa receber tantas celebridades, tanta gente especial, tantas pessoas que vieram aqui abrilhantar esta Sessão na Câmara Municipal.

Nós, os 33 Vereadores da Câmara Municipal, querermos agradecer de coração cada um dos Senhores que nos deram esse privilégio; nós, Vereadores, que procuramos bem representar a nossa sociedade, a nossa Porto Alegre. E, quando a Câmara Municipal presta uma homenagem desse porte, podem ter a certeza absoluta que a Cidade de Porto Alegre está representada nessa homenagem. Os 33 Vereadores se sentem muito orgulhosos de poder representar esta Cidade e de poder estar, aqui, homenageando uma figura de destaque da sociedade, o Ministro Costa Leite, e que nos faz sentir orgulho da sua atuação no Superior Tribunal de Justiça. Muito obrigado a todos.

Agora, de pé, vamos ouvir o Coral da Assembléia Legislativa executar o Hino Rio-grandense.

 

(Procede-se à execução do Hino Rio-grandense.) (Palmas.)

 

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h25min.)

 

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